Causos e Casos

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 - A Sabedoria do Bola sete 

 - "Diga não as Drogas"

 - Maria, Joaquim e o Pedrinho

 - O Causo do Burro
 
 - O Coelho mala

 - O dia que o porco usou chapéu

 - O malandro e o ceguinho

 - Serrote de plantão

 
- Um Estranho em Santana

  - Zé Galinha tinha razão...

  
 

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Zé Galinha tinha razão...


       As estórias de bêbado, geralmente, são muito engraçadas. Esta, dizem as más línguas, aconteceu numa
pequena cidade do estado do Rio de Janeiro, próxima da capital. Diga-se, de passagem, que todas as ruas da cidadezinha, eram de chão batido. Não havia uma sequer
pavimentada. Era normal também a existência de árvores frutíferas à beira das ruas.
     Numa  tarde ensolarada do mês de junho comemora-
va-se o dia da padroeira da cidade. E como de costume nesta data passava pelas ruas da pequena cidade a tradicional procissão.
       Pois bem, como era feriado, muitos homens que não eram tão religiosos iam encher a cara nos butecos, sem falar, é claro, do Zé Galinha, que bebia todos os dias.
       E lá vinha a procissão, desta vez, não se sabe o porquê, um pouco mais apressada. As poucas lojinhas da cidade
estavam todas de portas fechadas e os butecos no momento da passagem da procissão, em sinal de respeito, também abaixavam as portas. Alguns de seus frequentadores mais tímidos e recatados ficavam do lado de dentro e os mais assumidos ficavam do lado de fora. O Zé Galinha, é claro, com seu habitual copinho de cachaça, ficava do lado de fora pra ver o povo passar.
       E a procissão vai passando, com os fieis de terço em punho. A imagem da santa toda enfeitada de finos tecidos nas cores verde e rosa é carregada num andor por quatro altos fieis. De repente, o Zé Galinha, já morto de bêbado, vê algo diferente e grita:
       - Olha a mangueira aí gente...!
         O povo da procissão não aprova esta provocação e em sua maioria vê aquilo como uma chacota, uma falta de respeito, mas segue em frente,  sem nenhuma reação.
        E o Zé Galinha grita novamente, agora mais alto:
        - OLHA A MANGUEIRA AÍ GENTE....
        Desta vez, o padre que conduzia a procissão, irritado, não se controla, deixa o cortejo e vai dar uma bronca no petulante:
        - Olha aqui "seu" pingaida, você fica aí com seu vício
 e deixe nós em paz com a nossa fé. Entendeu bem?
         O Zé galinha, coitado, não responde nada ao padre. Só fica com uma cara meio triste e de revolta. O padre volta para a procissão, mas poucos segundos depois acontece o inesperado: a imagem da santa bate num galho de uma árvore frutífera que estava meio baixo, cai no chão e se espatifa toda aos cacos. O povo aturdido com esta cena se dispersa de forma confusa e estranha.
       E o Zé Galinha, na porta do buteco com seu inseparável copinho de cachaça , com sua voz arrastada agora grita com gosto:
      -Eu avisei...eu avisei...
   

                                                     Autor anônimo
                                                                Reedição - Afonso Costa Simões
                                                                10/Junho/2009


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