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   Causos e Casos


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    - Um Estranho em Santana

   - Zé Galinha tinha razão
 


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Um Estranho em Santana
  

    Muita gente garante que esta estória aconteceu em Santana, uma cidade sul mineira, com antigas tradições e costumes. Os moradores têm o maior respeito e consideração uns pelos outros.  E numa época não muito remota, também vivia nesta cidade um papagaio muito falante e brincalhão.
    Tudo era uma agradável rotina até aparecer um homem de
meia idade, de cara meio fechada, que andava meio rápido e usava um chapéu preto.  E este tal forasteiro começou a chamar a atenção do tal papagaio,  do alto do seu puleiro fixado no alpendre de um casarão antigo. O coitado deste louro até arriscou um " Bom dia senhor ", uma vez, mas sem receber ne-
nhuma resposta, para sua grande decepção. E foi aí que resolveu
zuar com o estranho, já no dia seguinte. 
    -  "Ô viado...ô boiola...plutaco tataco...
    O homem que já era meio sistemático, naturalmente foi ficando irritado com aquela petulância do papagaio. E este, a cada dia pegava ainda mais pesado:
    - Ô cretino, ô vagabundo...
    Até que um dia vai mais fundo na sua zueira:
    - Ô corno, sua mulher é uma galinha....
     Ouvindo este tremendo insulto o homem não se contém de tão nervoso. Com as duas mãos pra cima, parte pra cima do penoso.
E este vendo que corria risco de vida grita desesperado:
    - Socorro!...Socorro!...
     E o estranho homem já ia quase alcançando seu pescoço verdinho, quando neste exato momento, como que por um milagre, aparece seu dono, que grita :
    - Não rela a mão neste papagaio!  E se fizer  algum mal pra
ele você pode até ser linchado até a morte!
     O homem, meio assustado e ainda com muita raiva, tenta se defender:
    - Então dá um jeito neste bicho e fala pra ele me respeitar
e  não mexer mais  comigo.
    - Olha meu caro, este papagaio é amigo e querido de todo
mundo aqui em Santana. Todas as pessoas que passam aqui em
frente de casa,  cumprimentam ele, brincam com ele. Só o senhor
que passa meio secão e nem olha pra ele...Este papagaio é muito sensível e apenas estranhou o seu jeito...Tente agir como as
pessoas aqui da cidade e o senhor vai ver que ainda podem se tornarem grandes amigos...
    - Tá bom - diz o homem, um pouco mais calmo - mas não vai
ser fácil não. Ele mexeu com a minha honra. Agora eu tenho que
ir ...que já estou meio atrasado pro meu trabalho...Até logo..
    No dia seguinte, bem de manhã como já de costume, quando aproxima da tal casa, o homem forasteiro, agora meio ressabiado, meio cabreiro, lembra da recomendação do dono do
bicho verde. E ao passar em frente ao tal alpendre, dá uma rápida paradinha, levanta um pouco o seu chapéu preto e se dirige ao papagaio, meio constrangido, e em tom meio sério:
    - Bom dia "seu" papagaio.
    Este por sua vez, não tem pena, e com sua vozinha de taquara rachada, manda esta:
    - Aprendeu né, filho da puta!... Demorou...

Moral da história : quando estamos em um lugar com  costumes diferentes dos nossos, é melhor acatá-los imediatamente.
     
 
                                                          Autor anônimo
                                                                   Reedição: Afonso Costa Simões
                                                                   28/maio/2009

                                                       www.guiadepousoalegre.com.br

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